quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Mesa de bar

Garçom, traga uma cerveja.
Bem gelada, pouco colarinho.
Muita sabedoria e uma pitada de carinho.
Hoje preciso de um ombro,
Um ombro amigo...
Um ombro que não deixe meu coração sozinho.
Vá depressa... A sede me mata...
Quando voltar, ouça um pouco
sobre meu caso de amor...
Sei que já ouviu muitos...
Sirva-me de professor.
Obrigada. Sente-se aqui.
Desfrute de minhas lágrimas,
auxilie-me nessa dor.
Não precisa falar nada,
entendo seu olhar.
Seus ouvidos atentos
já bastam para me consolar.
Amei profundamente...
Pro fundo foi esse amor...
Garçom! Traga provolone!
Frito, de preferência.
Se é para sofrer,
que saborosa seja a experiência.
Vá depressa... A fome me mata...
Quando voltar, ouça um pouco
sobre meu caso de amor...
Sei que já ouviu muitos...
Sirva-me de professor.
Obrigada por tudo!
Pela cerveja, pelo queijo
e pelo papel de espectador.
Já sinto-me melhor...
Pro fundo foi a dor.
Amei solitariamente...
Unilateral foi esse amor.
Na prática, sofri calada
as dores dessa dor.
Garçom!!! Traga minha vida!!!
Vá depressa... O vazio me mata...
Quando voltar, ouça um pouco
sobre meu caso de amor...
Sei que já ouviu muitos...
Sirva-me de professor.
Estou ficando bem...
Ou melhor, ficando ótima!
Aquele desgraçado que me fez sofrer
fará sofrer também a próxima.
Garçom, vou para casa.
Obrigada pela terapia.
Sinto-me um pouco tonta...
Preciso de uma ducha fria.
Pagar? Não tenho dinheiro.
Seja bonzinho e ponha na conta...

Ociosidade ativa

Ah! O ócio...
Todo homem deveria experimentar...
Acaricia a alma,
devolve a calma,
auxilia o pensar,
torna o tic-tac devagar.
Ameniza as marcas,
relaxa os sentidos,
restaura corações partidos,
o tic-tac cada vez mais devagar.
A cama é meu deleite,
o sofá, meu trono,
e o tic-tac tic-tac,
que a mim só traz mais sono.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Cansaço global

Essa vida agitada...
Sem tempo de ser...
Sem tempo de viver...
Apenas tempo de ser.
Tempo de ser nada...
Tempo de ser ninguém...
Importante sem importância.
Fama fracassada!
Intelecto cansado,
de ser desconsiderado,
deixado de lado,
por 15 minutos vulgares,
num ambiente infértil,
sem conteúdo,
vácuo...
Apenas luzes,
câmera
e ilusão.
Essa vida agitada...
Que nos faz reclamar
de aspectos importantes,
e trocá-los por
assuntos irrelevantes.
Tornamo-nos robôs
com emoções constantes,
almas padronizadas...
Reclamações de estresse,
em opções estressantes.
Essa vida agitada...
Fecundando seres vazios,
orgulhosos de manterem-se
com a televisão ligada
e a mente lavada.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Enfim

Ele argumentou tanto...
Pediu para que tudo mudasse.
Rezou sem fé, criou a fé,
perdeu a fé...
Comprou o santo.
Prometeu rezar...
Por algumas horas cumpriu.
Começou a chorar,
e à razão sucumbiu.
Olhou a sua volta...
A cor negra o envolveu.
O verde fino e falho,
simplesmente sumiu.
Às lágrimas, rendeu-se.
Aos soluços, afeiçoou-se.
As possibilidades desapareceram.
À vida, negou-se.
A cama costumava ser macia,
mas em espinhos, tornou-se.
As rosas, antes vermelhas,
nem o odor lhe restou.
Às vezes levantava-se...
Causava espanto.
Um corpo antes sadio,
de repente, em prantos.
Tristeza em demasia.
Bebida em demasia.
Calmantes em demasia.
Já eram os últimos complementos
de uma conclusão tardia.
Como não entendiam?
Onde estava a empatia?
Mesmo após explicar...
Como não entendia?
O cansaço nos olhos.
O brilho se desfazia.
Aqueles relampejos verdes,
verdes não mais pareciam.
Esse tormento absurdo,
que enlouquecia a mente,
resultado talvez,
de uma mente vazia.
Os sonhos acordados,
nem um mais existia...
A gargalhada histérica
em uma vida de histeria.
Parecia ser o fim...
Sem mais condições de prolongar
todo aquele sofrimento,
que lhe parecia alegria.
Achou a possibilidade
de não mais sofrer
em braços frágeis,
sorriso em uma face fria.
O manto negro,
mais macio que a cama lhe parecia.
Seda fina...
Sem sentimentos...
nem tristeza,
nem alegria.
Quando abraçou,
sentiu metal cortante.
Em sua mão vermelha,
dor que, enfim, ele sentia.
Percebeu uma cor
que há muito não percebia...
Antes, sinal de euforia,
agora... A enxergava sombria.
Arrependeu-se
e viu um ponto verde no horizonte...
Resolveu mudar de vida.
Mas era tarde...
Demasiadamente tarde...
A Dama apaixonou-se.
O abraço tornou-se forte.
A seda, agora áspera,
desgastou sua sorte.
Desesperou-se e gritou por socorro...
Mas de nada adiantava...
Ninguém lhe ouvia.
Recitou um poema e,
com ele,
seu epitáfio escrevia.

domingo, 12 de abril de 2009

Penso, logo sofro

Ando preocupada.
Não sabendo explicar nada.
Sempre esqueço tudo.
E lembro sempre na hora errada.
Preocupações atormentam minha mente.
Nada a toa. Sempre fundamentadas.
Preocupo-me por pensar demais.
Preocupo-me por não pensar em nada.
Questiono tudo, diversas vezes...
Até ficar atormentada.
Daí, preocupo-me com a qualidade,
pois a quantidade pode me tornar
uma pensadora frustrada.
Conversava com uma amiga,
sobre limites...
Com medo de ser limitada.
Penso muito, mas tenho medo
de não respeitar meus limites
e tornar-me demasiado complicada.
Conversávamos sobre a dificuldade
de chegar a uma conclusão,
pois toda conclusão ainda pode ser
questionada.
Meu medo paira sobre essa questão.
Sobre a falta de conclusão.
Sobre o medo de deixar minha mente
louca, decadente, atormentada.
Medo de sofrer...
Acabar comigo mesma.
Pensar até não mais conseguir
perceber que deixei de existir.
Como devo me ver?
Ser pensante ou ser que pensa?
Como pensar em questões profundas
e manter a sanidade?
Como fazer com que caminhem juntas?
Pensei que pensar deve ser prazeroso.
Um passatempo e não, algo penoso.
Mas, prazeroso por prazeroso, às vezes...
Não pensar em nada
também é tão gostoso...
Mas meu ofício é pensar.
Minha profissão é questionar.
No entanto, gosto de sempre ter
em tudo que faço, grandes doses de prazer.
Quando eu começar a sofrer,
vou tentar outra coisa para me entreter...
Roupas e sapatos substituirão,
Nietzsche, Heidegger e Platão.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Ajuda-te a ti mesmo

“O homem é naturalmente bom.”
Maniqueísta...
“O homem é naturalmente mau.”
Pessimista...
Que tal ser realista?
Ter outro ponto de vista.
Ser, para variar, imparcial.
Deixar de lado bem e mal.
E... Se considerássemos um contexto?
Um processo natural.
Luta pela sobrevivência,
julgamento racional.
“O homem é um animal político.”
Pode ser questão de interesse pessoal...
“O homem é um ser dotado de interesses.”
Sem sentido pejorativo, apenas literal.
Já dizia Machado de Assis
na questão dos burros...
O brilho nos olhos do que coça melhor
as costas do companheiro em apuros.
Não quer dizer que o prazer seja tão consciente
mas, não quer dizer que esteja totalmente ausente.
Às vezes, inconscientemente, o prazer,
seja ele proposital ou inocente,
é essencial, resultado natural.
Nada é descompromissado
nesse mundo desigualmente igual.
Humildemente, peço encarecidamente...
Não me julgue com senso comum,
prematuramente.
Leia e pondere imparcialmente.
Enxergue-se ser humano, honestamente.
Não se compare a Deus.
Esqueça a imagem e semelhança.
Permita-se abrir a mente.
O “dar-se” sem receber nada em troca...
Doar-se de corpo e alma inteiramente,
soa-me afirmação falsa, senso comum,
sinceramente...
Vasculha seu interior, consciente e
subconsciente.
Pense como é prazeroso... Como se sente...
Ao ver alguém necessitar de ajuda sua
e você estar presente.
Estender a mão e ajudar,
acariciar suavemente.
Fecha os olhos, vê como se sente...
Percebe como o peito abre e enche?
Vê o sorriso, a expressão contente?
Tenta conter a alegria... Dificilmente...
A sensação de poder...
Calma! Senta!
Poder ajudar... Utilidade.
Papel social, noção existencial.
Prova de ser presente, potente.
Qual a grande questão?
Precisa de algo mais concreto, racional?
Sentimentos mudam de acordo com o ambiente?
Tudo bem... Acredito que a Física complemente.
Lei da ação e reação... Algo lhe veio à mente?
Bom... Talvez agora me trate amigavelmente.
Continuando o raciocínio...
Questionarei novamente, algo diferente.
Se acha que ajuda desinteressadamente,
tenta não ajudar, mentalmente...
Responda-me: como se sente?
Se a resposta for “depende”,
talvez a visualização não foi boa o suficiente
ou então, deva ser analisado psicologicamente.
Algum sentimento tem que existir.
Sentiu-se bem? Descompromissadamente?
Guarda mágoa muito grande...
Cuidado com a pessoa amarga,
não a deixe desenvolver-se. Não permita que mande.
Entendi! A ofensa, a injúria, a ferida
foi grave, demasiadamente.
Concordo que situações extremas
causem traumas, às vezes, permanentemente.
Então voltemos às situações corriqueiras
que vemos no dia-a-dia, comumente.
Ainda se sente bem, ao ver alguém
chorando, caído, perdido, pedindo desesperadamente?
Sente-se bem ao virar as costas?
Fingir que não viu cinicamente?
Mesmo que nada faça,
creio que não é bem, bem o que sente.
Acredito que a resposta seja mal...
Menos mal! Parabéns, sinceramente.
Mostra que é humano.
Mostra que raciocina e, ainda sente.
Agora responda: gosta de sentir-se mal?
Ninguém gosta, naturalmente...
Então o que faz quando vem tal sentimento?
Desfaz-se desse mal-estar rapidamente?
Certo ou errado? Certo, certamente...
Diante daquele ser necessitado,
falado, citado anteriormente.
O que fazer para evitar? Ajudar!
Ajudou? Como se sente?
Sente-se mais leve, tranqüilo? Obviamente...
Então, houve resultado?
Benefício dos dois lados devido à sua ação?
Que bom...
Percebeu benefício para si mesmo?
Percebeu que teve interesse?
Percebeu que não ajudou a esmo?
Achou tal resultado ruim?
Tenho certeza que não pensa que sim.
Por que não, ajudar alguém a se sentir bem?
Por que não, ser responsável por dois auxílios?
Vê quão potente pode ser?
Quão importante é perceber,
que altruísmo é isso...
Fazer algo benéfico para o próximo
sem esquecer-se de se inserir nisso.

terça-feira, 7 de abril de 2009

O que o amor acarreta

O que o amor acarreta

Ensina-me o que é o amor.
Ensina-me a amar seja como for.
Quero aprender a sentir
sentimentos sem pudor.
Dê-me um beijo seu
e me desperte desse torpor
que me atormenta,
me esfria e ao mesmo tempo esquenta.
Perceba meus arrepios
pelos sussurros não dados.
Perceba meus olhos
atentos feito soldados.
Apareça em meus sonhos sempre que puder.
Olhe-me com olhos verdadeiros.
Veja-me como mulher.
Se me ama como me diz na carta de seus olhos,
saberá que essa pessoa sempre existiu.
Que você sabe, mas não assumiu.
Se acha que os olhares te maculam,
não importa, pois os meus...
Ah... Os meus te perpetuam.
Olhe para frente...
Perceba a majestade do rio.
Mas não olhe apenas nessa direção
afinal, perderá a razão,
pois a correnteza te carrega
sem dar chances às mudanças
que o amor acarreta.
Sim, o amor traz revoluções,
as quais, se verdadeiras,
se auto-tatuam nos corações
dos enamorados,
que precisam de compreensão
da parte dos atordoados,
que não dão atenção
ao lilás das flores no campo,
dos olhos brilhando
vistos com espanto
por quem não sabe
a caminhada certa
que a vida dita
como o que o amor acarreta.
E, se pedi que me ensinasse,
não é porque te intitulei como mestre,
mas sim, porque achei que me amasse.
Então percebi algo muito importante...
Seu amor anda meio distante
de meus ideais julgados por ti como gigantes
e por mim, como simples desejos...
Quando os julgou pude ver
que, apesar de minhas tentativas de festejos,
seus olhos viviam virados para sorte
em vez de trabalho,
sem perceber que a morte
não se pode guardar na gaveta do armário...
Pois ela é a única que sabe
arrancar a lágrima da maneira correta,
para deixar os espírito na ânsia
de saber, finalmente,
o que o amor acarreta.


Escrito no ano de 2002.

A Bela Pervertida

- Oh! Lindo príncipe....
Libertai-me desta prisão...
- Mas meu amor...
Casar contigo é minha intenção.
- Eu sei! Não precisas repetir!
Mas se me deixares aqui
não haverá nenhuma união!
- Sua mãe há de ficar com muita raiva...
- És um frouxo... Tens medo então!
Fico pasma quando percebo
onde fui amarrar meu Alazão.
- Oh! Querida minha!
Não magoes seu amado!
- Se soubesse que eras tão garganta
não teria me amarrado.
- Calma querida!
Só não quero ter maiores problemas...
- Homem que é homem, Vossa Frouxeza...
Não fica nesses dilemas...
- Aurora, estás me magoando.
- Oh! É mesmo? Bem que percebi
lágrimas de sangue azul rolando.
- Aurora, que coisa! Estás naqueles dias?
- Que dias? Aqueles que espero que
meu noivo tome vergonha na cara?
- Mas que coisa, Alteza!
Acalme-se! Pára!
- Pára é o cacete! Estou cansada de
homem almofadinha...
- Aurora, estou perdendo a paciência.
Melhor ficares quietinha.
- Ih! O Mané Real ameaçou...
Vai ver se eu estou na esquina!
- É bem capaz de estar. Com esse comportamento
estás soando como uma suína!
- Melhor “porca” do que “nobre viadinho”...
- Lave a sua boa, mulher!
- Está ficando irritadinho?
Sei muito bem que já deste o cuzinho.
- Aurora! Estás passando dos limites!
Vou-me embora! Preciso ficar sozinho...
- Vai fazer covardia ou chamar o namoradinho?
- Vamos parando com essa loucura!
Vou chamar sua mãe e seu pai!
- Querido, ainda não existe celular...
Descubra na casa de qual súdito cada um deve estar...
- O que? Perdeu o juízo? Falando dos próprios pais?
- Uma vadia e um pederasta... Que família!
E ainda por cima, com uma bixa fui noivar...
- Vadia é você, sua puta! Cansei dessa palhaçada!
- Repita... Falas tão baixo... Tão manso...
Tão suave... Quase não ouço nada...
- Vem cá, sua piranha! Vou te mostrar quem é bixa!
- Oh! Meu Deus! Vou ser estuprada...
(Que delícia!)
- Vamos sua vagabunda! Fique debruçada!
- Sim, Vossa alteza! Eu obedeço! Não sou mal-criada...
Oh! Que delííííííííííííícia!!! Não pára! Não pára!

Algumas horas depois...

- Essa foi, sem dúvida, a melhor trepada!
- Aurora, você me magoou falando daquele jeito...
- Relaxa, meu amor... Depois da de hoje
nunca mais lhe falto com respeito!
- Deus! Ficamos muito tempo aqui dentro!
- Relaxa! Vamos dizer que fiquei horas no quarto
porque meu dedo na ponta de uma roca furei...
Adormeci com o feitiço que uma bruxa qualquer pôs.
Esse povo supersticioso acreditará, eu sei!
- Mas e eu? O que faço aqui?
- Ah! Você veio me salvar.
Acordei da morte quando o beijei...
Ninguém precisa saber que eu dei...

sábado, 4 de abril de 2009

Dúvida cruel

Ele não sabe o que quer.
Quer ser homem ou mulher?
Hétero eu sei que é...
Mas o comportamento,
os sentimentos,
os desejos, as dúvidas,
os anseios... Coisa de mulher!
Pareço mais macho que ele.
Às vezes peço conselhos,
mas ninguém ousa meter a colher.
É mais carente do que eu.
Acha que sou um ursinho seu.
Ele me aperta demais até.
O que fazer diante desse dilema?
Eu digo sim, mas ele teima.
Quero sair, mas a dor de cabeça...
Peço um beijo, diz que talvez não mereça...
Pede conselhos e chora...
Digo que pare na hora!
Ele me acha rude,
quando peço para parar de grude.
Ele me acha distante,
por eu cochilar por um instante.
Ele me acha masculina,
por mexer com graxa, gasolina.
Ele me diz para ser carinhosa,
ser mais manhosa...
Quer que eu seja mais feminina.
Mas lamenta mais do que eu.
Considera meu colo patrimônio seu.
Isso tudo me deprime.
Ao mesmo tempo que fascina.
Nossos nomes, quais são?
O meu nome é Alceu.
O nome dele é Josefina.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Realidade Fantasiada

Resolvi traçar novas metas.
Guiar-me por novas retas.
Rotas remotas certamente incertas.
Placas tortas, na posição correta.
Resolvi resolver o meu sentido,
parar de pensar: Eu duvido!
Ir, ao invés de, “poderia ter ido”.
Uma vida real,
nessa realidade virtual.
Ser mais açúcar do que sal.
Ser feliz para sempre no final.
Queria tornar minha vontade,
meu sonho, em realidade...
Tornar-me, de alguém, prioridade.
Sem privar-me de minha liberdade.
Pura ilusão...
Sacuda-me, acorde-me então.
Não permita que eu sonhe em vão.
Evite que eu passe por tal frustração.
Permita que eu seja lembrada.
Não mereço ser abandonada.
Não quero amar e sim, ser amada.
Por minhas travessuras, ser perdoada.
Sou uma criança mal-criada.
Bem-criada antes da madrugada.
Uma criança embriagada.
Em um copo de mágoas, afogada.
Cresci para ser independente.
Nunca admitir estar carente.
Não necessitar de ninguém presente.
Estar alerta mesmo estando ausente.
Mas eu gosto de ser mimada.
Paparicada, admirada...
Para sempre idolatrada,
sem, necessariamente, ser tocada.
Não sou convencida.
Nem egocêntrica, nem metida.
Só uso verdades entorpecidas,
para deixar minha alegre vida
menos entristecida.
Nesse caminho, rota, estrada...
Despeço-me com vento no cabelo,
lenço no pescoço,
perfume das pétalas rosadas.
Viro o rosto e mando um beijo.
Lábios vermelhos, bochechas coradas.
Olhos serenos, piscam,
diante da estrada ensolarada.
Sei que você queria estar lá...
Ao meu lado, de mãos dadas.
Mas, sou livre. Alma penada.
Com beleza, agraciada.
Vagando, sem nunca, deixar de ser notada.
Já vistes um anjo de verdade?
Se eu tiver vontade...
Agracia-lo-ei com a mais pura
Realidade Fantasiada.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Dei um pulinho no teatro

Dei um pulinho no teatro,
para ver o que estava em cartaz.
Dei de cara com uma peça que, aliás,
pareceu-me interessante...
Talvez um pouco excêntrica,
um pouco intrigante.
A peça falava sobre ruivos.
Ruivos excluídos da sociedade.
Eu sei... Parece um pouco entediante.
Quando olhei por um instante,
a impressão foi a mesma, na realidade.
Mas lá veio Castaneda,
lembrar-me de ver e, não só, olhar.
Que um homem sábio vê, na verdade.
Resolvi tentar e notei uma beleza...
Preconceito! Sobre isso era a peça.
Pensei e disse, sem querer: Tem certeza?
Foi quando percebi que ruivos sofrem disso.
Bizarro! – Exclamei. Não havia pensado nisso.
Comecei a matutar... Problema sério meu.
Quando pensei melhor, ponderei...
Cheguei a uma conclusão arrasadora:
Pode ser você, fulano ou eu...
Todos sofremos preconceito.
Quer ver só? Pense em alguém...
Já tem um conceito?
Mas... você o conhece bem?
Sim??? Então, faça uma piada.
Lembre-se de uma característica que ele tem.
Agora, pense que essa piada pode ser feita
por muita gente... pode ofender, magoar...
Magoou? Causou dano? Muito bem...
Pense nela numa escala maior.
Privando-o de sentir-se à vontade.
Com medo de notarem, ou até pior...
Pois é...
Por mais que o conheça,
por mais natural que te pareça,
por mais que ache que ele esqueça...
Comentários assim constrangem.
Limitam gestos, sentimentos...
Não saem da cabeça!
Bizarro!!! – pensei.
Mas repensei no significado da palavra:
Pré-conceito... Hum... Batido demais. – falei.
Ok! – parei.
Quer dizer que conceitua-se prematuramente...
Raciocinei.
Mas se eu conheço o objeto do constrangimento,
o conceito continua prematuro? – perguntei.
Não pode ser! Já está formado,
estabelecido, finalizado. – estranhei.
Até que me veio outra possibilidade.
O fato de que não conheço ninguém em
100%, em sua totalidade.
Bizarro!!! – berrei.
Riram... em solidariedade.
Senti-me envergonhada.
Saí de fininho, preocupada.
Agora acham que sou pirada!
Ei! Preconceito, molecada!
Que vontade de dar porrada!
Mas... eles só riram. Não falaram nada...
Putz! Preconceito meu! Foi mal...
Levei em conta a idade, vestimenta,
feições, local, horário... sei lá!
Mau sinal!
Percebi que esse “cara” está em todo lugar.
Em mim, achando que você não entendeu.
Em você, pensando, talvez: Que merda ela escreveu!
Deve se achar!
Ou será que... Deixa pra lá!
Melhor nem começar!
Se eu for me preocupar com os ruivos,
prestar muita atenção,
vou começar a pensar merda.
Fazer piada... Rir até chorar!
Sabe... O mundo está muito chato.
Tudo é preconceito, ofensa.
Vamos fazer um trato?
Uma boa saída é o bom humor.
Tanto para o ofendido,
quanto para o ofensor.
Respeito é bom, e... Se for magoar...
Não fale! Mas, internamente...
Pode gargalhar!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Review

Estava ensinando...
Dia desses comuns.
Meus alunos pareciam entender...
Dia desses incomuns.
Problema meu? Talvez...
Sei ser pedagógica
no meu simples jeito de ser?
Não sei.
Meus students pareciam entender...
Boa vontade... Como amo tudo isso!
Pessoas singulares, situações diversas,
resultados pares.
São todos capazes, eu sei.
"Again and again", they say.
Coitados por me terem lá...
Pensei.
Uma teacher ímpar, par...
Com sede de “How come”, “Nevertheless”,
“I don’t either”, but... Anyway.
Só consegui um “No way”...

terça-feira, 31 de março de 2009

Eba! Que merda...

Chegou fim de semana!
Sem artigo, para deixar no ar.
Definido ou indefinido?
Não quero me frustrar!
Chegou domingo! Liga a TV!
Ah! Silvio Santos e Faustão!
Que lindo!
Salve ambos! Obrigada pela sensação!
Vocês me matam todo domingo...
Tédio, revolta, conformismo, depressão.
E a reencarnação? Papo espírita?
Não!
Reencarno na segunda-feira,
segunda-feira de feriado.
Que seja um feriado bem desconhecido...
15 de outubro, dia do professor.
Um aluno me diz: tinha até esquecido!
Que bom! Continue assim!
Meu maior presente é reencarnar
e tentar evoluir “espiritualmente”.
Qual é a boa da evolução?
Sei lá... Vamos ao museu?
Segunda-feira não abre.
Vamos nos cuidar! Pintar as unhas!
Segunda-feira não abre.
Vamos ao teatro?
Segunda-feira está em greve.
Vamos ao cinema?
Segunda-feira de feriado, entope, ferve!
Vamos à feira???
Não é segunda. Só na sexta-feira...
Então vamos descansar!
Ver TV, papo pro ar... – indício de tédio.
O que tem de bom?
REFORMULA.
O que tem de menos pior? – indício de revolta.
Sessão da tarde.
Será que é “Curtindo a vida adoidado”?
Não... Claro que não!
É “Professor aloprado”...
Pelo menos não é “Ghost”... – indício de conformismo.
Esse é no Corujão... – indício de depressão.
Liga o ar, desliga a TV, apaga a luz
e vamos dormir!
Deu dor de cabeça...
Que horas são?
Hora de Malhação.
Pega um paninho? Meus pulsos estão pingando...
Quem sabe eu morro depois do jornal...
Quem sabe a última gotinha me dá forças para dizer “Boa noite”...
Só não me deixa ver o Bial.
Se eu não morrer até lá...
Confie em mim! Eutanásia é legal!

segunda-feira, 30 de março de 2009

Estava lendo...

Estava lendo, pelo menos tentando.
A revista dizia que Sócrates, discípulo de Platão...
Oh! Desculpe-me... É o contrário.
Estava tentando, pelo menos lendo.
A revista dizia que Platão, discípulo de Sócrates... Não quero falar de Platão!
Mas que coisa desagradável!
Não quero falar do emissor num discurso emotivo...
Viu, professora?! Suas aulas são lembradas.
Agora só falta eu usá-las com um sentido.
Aonde parei? No cachorro!
Oh não! – interjeição.
Português é tão fácil!
Conjunção coordenativa aditiva.
Isso tudo para usar o “e”???
Confusão total!
Você, caro leitor, que nesse momento percebe o uso de
linguagem apelativa ou conativa...
Passou no vestibular!
Pode cantar, pular, sorrir!
Tem um futuro pela frente!
Estudar Engenharia de Telecomunicações.
Duas palavras estranhas juntas...
Engenharia... Números.
Comunicação... Necessidade visceral, instinto incontrolável, nada racional.
Mudou de idéia?
Isso é normal. O “Tele” faz toda diferença...
Sócrates, por exemplo, como dizia a revista,
e, voltando ao assunto inicial,
falava, ensinava, perguntava, encantava,
até que sua esposa...
Peraí. Esqueci. Vou olhar na revista.
Apenas uma consulta poética, não há nada de mal.
Só mais um instante.
Já passei por Freud e Tio Sam.
Logical conclusion:
Devo estar perto.
Devo estar no caminho certo.
Concepção epistemológica... Sinto-me tão... tão... tão...
Pseudo-intelectual.
Poxa, Lamarck... Se os animais progrediram,
por que macaco não fala?
Ok! Não responda! Já entendi...
Nossa! Que dificuldade encontrar aquele velho encrenqueiro!
Devia olhar no chiqueiro...
Um homem que leva um banho de água suja e é chamado de “mandrião imprestável” pela própria mulher...
Achei! Achei! Era isso!
Que trabalheira só para dizer que
Filósofos pensam, raciocinam, concluem,
muitas vezes sabiamente,
mas não põem nada em prática realmente.
Tudo isso para acabar citando
Engenheiros do Hawaii:
“Ouça o que eu digo,
não ouça ninguém”.
Acho que faltou a parte do:
“Não faça o que eu faço”...
Como é difícil pensar, sentir, expressar,
praticar e, ainda por cima, falar Português...
Suggestion:
Eu deveria tentar o Inglês.

domingo, 29 de março de 2009

Livre arbitrário

Ah! Liberdade!
Vigiada ou não é melhor do que prisão.
Liberdade de expressão.
Expressar-se na multidão.
Quando penso na possibilidade
dessa liberdade ser tomada.
Meu suor e luta,
protesto, reluta e adeus...
Lágrimas caídas, roupa no corpo...
Solidão.
Quando penso,que
tanto pensei e ponderei
sobre a decisão.
Que discuti, larguei, desliguei...
Saí e montei minha fortaleza.
Quando há a possibilidade de
tudo pela liberdade ter sido ilusão,
manifesto em vão...
Sinto minha face arder,
minha carne tremer,
meu peito doer,
minha mente decidir
que a melhor opção
é a liberdade, seja ela
com dificuldades ou não.
Quando vejo que vida é padrão...
Tradição familiar, comportamento de geração,
em geração, em geração...
Minha testa franze de desgosto.
O sorriso esperançoso se desfaz em meu rosto.
Enfraquece-me a respiração...
Quando a família fagocita a vontade,
o desejo, a individualidade, a imparcialidade...
Temos o resultado de um ser
saído da fôrma com medo de conhecer...
Conhecer demais e se desfazer
Da Sua Essência Familiar...
Que tesão de vida...
Acorda, se veste, trabalha, se despe,
se lava, se alimenta, se deita se é isso
que os acalma e diverte.
Santa rotina... Refúgio do medo.
Responsabilidade travestindo o desejo
de não ser culpado por um dia atrasado.
Por não ser apontado como o adolescente inveterado.
Cansamos... Rotina? Só se for militar!
Não tem como aceitar, exceto se
o medo de ser pega fora dela
tirar-me de minha tão desejada e bela
liberdade eterna
e transformá-la em prisão.

Burra

Posso ser sincera?
Não sei o que escrever.
Posso ser sincera?
Não sei o que dizer.
Posso ser sincera?
Chorei ontem à noite.
Por que?
A solidão! Sempre esse açoite...
Posso ser mulher?
Sinto-me carente...
Posso ser mulher?
Não atraio muitos pretendentes...
Posso ser mulher?
Preciso de roupas e sapatos...
Posso ser mulher?
Preciso que sejam bonitos e baratos...
Posso ser racional?
O amor não passa de uma reação química.
Posso ser racional?
Prefiro estudar Física.
Posso ser racional?
Vamos morrer e virar adubo.
Posso ser racional?
Oito é dois ao cubo.
Posso ser carnal?
Que vontade de transar...
Posso ser carnal?
Que vontade louca de tocar...
Posso ser carnal?
Que vontade de lamber, chupar, sentar...
Posso ser carnal?
Me joga, me vira, me aperta... Carinho faz mal...
Posso ser moralista?
Sexo só depois do casório!
Posso ser moralista?
Então risque a palavra acima do seu vocabulário!
Posso ser moralista?
Casar virgem é uma prova de caráter!
Posso ser moralista?
Vá ter uma conversinha com o confessionário!
Posso ser rebelde?
“Moral” é coisa de otário!!!
Posso ser rebelde?
Risquei “ética” do meu vocabulário!!!
Posso ser rebelde?
Me filiei ao PSTU!!!
Posso ser rebelde?
Quero que o resto do mundo vá tomar no olho do cu!!!
Posso ser criança?
Quero uma boneca!...
Posso ser criança?
Quero uma peteca!...
Posso ser criança?
Agora não!... Agora não quero!...
Posso ser criança?
Chega!
Tom e Jerry de novo eu não tolero!!!!!!!!!!
Quero ser adulta, posso?
Quero ser esperta, posso?
Quero ser honesta, posso?
Quero sempre querer, posso?
Posso ser tudo junto?
Posso ser linda?
Posso ser poderosa?
Posso mudar de nome?
Posso ter um Cross Fox rosa?
Querer é poder...
Então, por que pedir permissão?
Para correr o risco de ouvir NÃO?
Não sei se vale a pena.
Até mesmo quando a alma não é pequena.
Talvez fingir seja a solução.
Uma vida de farsas soa tão... tão... tão...
Conveniente? É isso! Encontrei a resposta!
De dia, terno. De noite, liga.
Mentira diurna. Excesso noturno.
Se ser quarenta e quatro é tão difícil...
Fico com o oitenta!
Melhor pecar por excesso do que por falta.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Pensei... Amei...

Estive pensando... Ledo engano.
Pensei, mas não continuei.
Controlei, persuadi a mim mesma
e aceitei que amar é complicado.
Que profissão... Ah!... Se dá sustento
não é amada.
Se é vadia, gostosa, divertida, gozada
é idolatrada.
Pensei como isso se reflete em situações
diversas nos sujeitos,
sinônimas no contexto: AMOR.
Que palavra curta, simples...
Duas vogais, duas consoantes.
Roma de trás para frente...
Que interessante...
Tentei pensar e pensei.
Pensei porque o amor é emblemático,
problemático, orgasmático, sensual e
vulgar...
Amor não escolhe classe, cor, sexo, idade, nacionalidade,
lugar.
Acontece de forma inesperada, é o que dizem...
Enzimas entediadas que resolvem se bagunçar.
De uma hora para outra
causam suor, rubor,
dor de estômago, secura bucal,
tremor nos membros, palidez,
respiração ofegante e, às vezes,
fazem desmaiar.
Não! Não se confunda!
Isso não é bula.
Reações adversas do medicamento.
Se este existisse...
Se uma vacina surgisse...
Pensaria duas vezes.
Amor dói tanto, é uma doença fatal,
sintomática cruel.
Pensaria duas vezes na vacina.
A primeira: inventaram INfelicidade em ampolas.
A segunda: que felicidade estar doente! Quero sofrer de amor eternamente!

quinta-feira, 26 de março de 2009

Maria

- Maria vai se casar!
Que alegria! Vamos celebrar!
Imagino a igreja cheia
flores brancas no altar.
E o vestido? Já escolheu?
Não deixe o noivo ver! Dá azar.
De branco, vestido longo e grinalda...
Meus olhos lacrimejam só de pensar!
Mas e o véu? Não vai usar?
- Fala baixo, menina! O padre não deixou.
- Por que? Mande-o parar de implicar!
- Não. Ele não implicou.
- Não acredito! Então o que foi?
Quer saber? Melhor conversar!
- Não! São normas da igreja!
- Então manda a igreja reformular!
- Mas é grave. E tia Cotinha não pode saber.
- Por que não? Acha que a velha pode morrer?
Relaxa! O noivo é rico...
Se Maria não casar, ela se casa.
- Tia Cotinha e Talarico???
Que imagem do “coisa ruim”!!!
- Não mude de assunto, Maricota!
Conte logo a razão do perigo!
- Vamos lá para fora. As paredes têm ouvidos...
- Nesse fim de mundo? Não precisa.
Já leram seu pensamento antes de você pensar “duvido”.
- Melhor prevenir do que remediar, Ritinha!
Vamos logo! E não vou repetir!
Chega de paparico!
- Tudo bem, já estou indo.
Pronto! Conta logo!
Daqui a pouco vem o Ludovico.
- Ué? Estão namorando?
- Cruz credo, Maricota!
Nem que fosse podre de rico!
Não mude de assunto! O que há com Maria?
- Entregou a flor ao Talarico.
- Menina! Que escândalo!
Mas nem me admiro...
- Como não? Sua cabeça deve ser penico!
- De forma alguma. Sempre disse que ela
tinha na flor, pó-de-mico.
- Que maldade, Ritinha!
Maria? Logo ela? Tão quietinha!
- Quietinha de dia, de noite putinha...
- Misericórdia! Ritinha, como pode?!
- Agora eu sou a má, enquanto ela é quem fode?
- Vade retro, Satanás! Que palavras são essas?
- Você não entenderia... Lá vem Ludovico!
Entra! Rápido! Depressa!
Aquilo... Você sabe... Virou botão?
- Bem... Que eu saiba não, mas
nove meses passam e aí surge o barrigão.
- Vamos esperar... Vai ser uma grande lição!
- Ritinha, lava sua boca! Deus não castiga em vão!
- O que ela tem que eu não tenho...
- O que???
- Não interessa! Pensei alto!
- Me diz o que pensou, então!
- Nada! Pare de pedir informação!
- Não sei não... Muito estranha sua pergunta...
- Acha o que? Fofoqueira! Melhor ir para casa!
A gente passa muito tempo junta!
- Você já ofereceu sua flor e não quiseram?
- O que??? Você não imagina quantos já pediram...
Mas só negação eles tiveram...
- Não sei não... Oferece ao Ludovico!
- De jeito nenhum!
- Por que não?
- Não merece.
- Me diz porquê...
- Ah! Esquece...
- É porque ele é chato?
- Não!
- É porque ele é baixo??
- Não!
- É porque ele é atrevido???
- Não!
- É porque ele é um mau partido????
- Não!
- É porque ele é tímido?????
- Não!
- É porque ele não é rico??????
- Não!
- Ai! Mulher! Então, por que?
- Porque eu amo o Talarico!!!!!!!!
.
.
.
Silêncio
.
.
.
- Ritinha... É verdade?
- Minhas lágrimas não mentem...
- Minha amiga sofrendo calada...
- Meus sentimentos já nem sentem...
- O que aconteceu? De onde surgiu esse amor?
- Surgiu quando, pela primeira vez,
nos olhos dele vi ardor...
- Mas e a Maria? Ela sabe?
- Aquela vadia? Mais inocente que ela não há.
- Então, por que continuas a xingar?
- Porque o ardor que me fez apaixonar...
Aquele em seus olhos de mel...
Aquele Talarico, meu fel...
Ardiam para a mulher errada.
Ardiam para Maria, safada!
A ela se destinava aquele meu amado olhar.
E com ela que meu bem vai se casar.
- Sorte de umas... De outras, azar...

quarta-feira, 25 de março de 2009

Se Querer

Querer... Como é bom conjugar!
Quero, quero, quero. - soa tão faminto, tão selvagem.
Tão vulgar.
Quem quer dinheiro? Conjugação comum,
pergunta banal, exercício de retórica.
Quero dinheiro! – ambição, mimo, assalto, síndrome de abstinência...
Igreja Católica.
Querer é poder, mas, nem sempre
a ordem não altera o produto:
Poder é querer. Interprete-o...
Triste fim o do que não pode desfrutar do fruto.
Desigualdade social? Não quero ser desigual!!!
Lá está o maldito verbo, inserido num contexto que o faz parecer um verbo legal.
O verbo querer é um quase ser.
Ele te consome, controla e expressa.
Ele expressa seus sonhos, seu caráter, te despe, deixando indefesa...
Amedrontada!
O meu querer... Quem precisava saber?!
Agora eu quero mudar. Quero ser mais calada,
quero ser mais contida,
quero ser mais devagar,
quero ser mais concentrada,
quero ser mais prática,
quero ser mais paciente, menos impulsiva...
Quero ser mais controlada!
Falei isso alto? Oh! Não! Que erro fatal!
Deixei que pudesse julgar-me.
Cansei de querer!
Quero que tudo vá para o inferno!
Quero que me aqueça nesse inverso de inverno.
Quanto mais eu rezo... Mais eu quero!
Quanto mais eu quero, mais eu sofro.
Já sei! Quero parar de rezar.
“Quando os deuses desejam nos punir, eles respondem às nossas preces.”
Já dizia o grande Oscar.
E se eu parasse de querer?
Como isso me soa familiar...
Apologia à uma vida sem sofrimentos
à uma vida desgarrada, tipo budista.
À uma vida, sem fundamento...
Credo! Eu devo precisar de terapia!
Eu queria um terapeuta conhecido.
Queria um terapeuta discreto.
Queria que fosse confiável.
Queria que me fizesse parar de querer...
Mudei de idéia!
Melhor ir direto para o cemitério...
E, se isso acontecer.
Se eu parar de querer,
se a terapia me ajudar,
se meu desejo cessar.
Se minha fonte esgotar.
Se minha fome, minha vontade, meu brilho, minha gana,
minha interpretação Nietzschiana se apagar...
Não culpe o pobre homem...
Não o chame de assassino...
Sonhos não são assassinados.
Corpos são assassinados.
Caso isso aconteça,
não culpe o doutor razão
pela qual vivi a sofrer... Como eu a quis... Como eu a desejei!
No final, procura um outro doutor
e pergunta se o Querer
faz o ser humano se tornar hipotético.
Pergunta para ele se o ser humano é um
cachorro com hipóteses.
Se o ser humano só sabe usar SE.
Pergunta se o cachorro é mais feliz
por não pensar SE.
Pergunta se o raciocinar se restringe ao SE.
Hipótese... Tão sensual.
Sinto um desejo incontrolável, carnal, despido de pudor, sexo animal...
Que tal?
SE eu fizer.................. Acho melhor não!
E o cachorro?
Há essa hora já gozou e só quer saber de descansar.

Crise intelectual

Manhã em crise. Pare com tudo!
Preciso de um Valium, Rivotril,
Lexotan... Põe num shake,
mistura tudo.
Percebi que fiz uma rima
com palavras iguais, mas
estou em crise. Não espere demais.
Cheguei a um ponto de confusão mental...
Não sei diferenciar vocação, paixão
de necessidade profissional.
Fiquei pensando, praguejando, coisa e tal,
mas solução que é bom... Nem pensar.
Pensei... Até quase virar débil mental.
E escrevi mais uma rima igual...
Que decadência, que destino...
Destina-se a mim tempo gasto com nada.
“Passe o pente-fino”, ouvi.
“Para resolver seus problemas, um de cada”.
Estudava Filosofia, e gostava.
Parei... Fui parada.
Pensei primeiro no dinheiro,
no conforto, no meu futuro Prada.
Deixei de lado minha paixão.
“Paixão não compra feijão!”, ouvi.
Tentei meditar e não consegui... – Aliás,
alguém consegue sem dormir?
Perdi mais tempo... Focar-me-ei agora.
Chegarei à conclusão, chega de oratória.
Tenho que decidir.
Dinheiro ou paixão?
Os dois juntos são tão bons...
Tenho mesmo que desistir?
A preocupação é em gastar meu tempo.
Minha saliva, meu conhecimento,
transformar tudo em tormento,
o qual dura, em média, quatro anos.
Não é mandato, é faculdade.
Se bem que se eu não gostar...
Política tornar-me-ei,
fingida e corrupta na flor da idade...
“Seja racional, guria!”
“Trate dos microorganismos!”
“Não seja arredia”!
Arredia? Eu? Por que me tomas?
Confusa, talvez. Muitas vezes.
Com solução tardia.
“Caminha na necessidade, depois na vocação.”
“Deixa a paixão de lado,
vá com a razão”.
“Quando tiver seu Prada,
com o mais puro couro da ilusão,
torna-te apaixonada,
torna-te Filósofa então”.
Mas com quantos anos?
Não faço idéia. Só preciso
que meu fígado agüente até a estréia.
Que Nietzsche continue lá,
só para mim.
Que a Filosofia não se torne inútil,
obsoleta , abandonada... Que não tenha fim.
Se meu patrimônio estiver montado
e não fizer com que montem em mim,
à Filosofia retorno,
como uma criança de colo
que ao ver a mãe
esquece qualquer coisa ruim.
Daí, então se meu fígado agüentar,
encontrar-me-ei com meus mestres
para Filosofar e dizer em alto e bom som:
Tin-tin!
Obs.: Não tão alto... O Japão pode ouvir...