- Maria vai se casar!
Que alegria! Vamos celebrar!
Imagino a igreja cheia
flores brancas no altar.
E o vestido? Já escolheu?
Não deixe o noivo ver! Dá azar.
De branco, vestido longo e grinalda...
Meus olhos lacrimejam só de pensar!
Mas e o véu? Não vai usar?
- Fala baixo, menina! O padre não deixou.
- Por que? Mande-o parar de implicar!
- Não. Ele não implicou.
- Não acredito! Então o que foi?
Quer saber? Melhor conversar!
- Não! São normas da igreja!
- Então manda a igreja reformular!
- Mas é grave. E tia Cotinha não pode saber.
- Por que não? Acha que a velha pode morrer?
Relaxa! O noivo é rico...
Se Maria não casar, ela se casa.
- Tia Cotinha e Talarico???
Que imagem do “coisa ruim”!!!
- Não mude de assunto, Maricota!
Conte logo a razão do perigo!
- Vamos lá para fora. As paredes têm ouvidos...
- Nesse fim de mundo? Não precisa.
Já leram seu pensamento antes de você pensar “duvido”.
- Melhor prevenir do que remediar, Ritinha!
Vamos logo! E não vou repetir!
Chega de paparico!
- Tudo bem, já estou indo.
Pronto! Conta logo!
Daqui a pouco vem o Ludovico.
- Ué? Estão namorando?
- Cruz credo, Maricota!
Nem que fosse podre de rico!
Não mude de assunto! O que há com Maria?
- Entregou a flor ao Talarico.
- Menina! Que escândalo!
Mas nem me admiro...
- Como não? Sua cabeça deve ser penico!
- De forma alguma. Sempre disse que ela
tinha na flor, pó-de-mico.
- Que maldade, Ritinha!
Maria? Logo ela? Tão quietinha!
- Quietinha de dia, de noite putinha...
- Misericórdia! Ritinha, como pode?!
- Agora eu sou a má, enquanto ela é quem fode?
- Vade retro, Satanás! Que palavras são essas?
- Você não entenderia... Lá vem Ludovico!
Entra! Rápido! Depressa!
Aquilo... Você sabe... Virou botão?
- Bem... Que eu saiba não, mas
nove meses passam e aí surge o barrigão.
- Vamos esperar... Vai ser uma grande lição!
- Ritinha, lava sua boca! Deus não castiga em vão!
- O que ela tem que eu não tenho...
- O que???
- Não interessa! Pensei alto!
- Me diz o que pensou, então!
- Nada! Pare de pedir informação!
- Não sei não... Muito estranha sua pergunta...
- Acha o que? Fofoqueira! Melhor ir para casa!
A gente passa muito tempo junta!
- Você já ofereceu sua flor e não quiseram?
- O que??? Você não imagina quantos já pediram...
Mas só negação eles tiveram...
- Não sei não... Oferece ao Ludovico!
- De jeito nenhum!
- Por que não?
- Não merece.
- Me diz porquê...
- Ah! Esquece...
- É porque ele é chato?
- Não!
- É porque ele é baixo??
- Não!
- É porque ele é atrevido???
- Não!
- É porque ele é um mau partido????
- Não!
- É porque ele é tímido?????
- Não!
- É porque ele não é rico??????
- Não!
- Ai! Mulher! Então, por que?
- Porque eu amo o Talarico!!!!!!!!
.
.
.
Silêncio
.
.
.
- Ritinha... É verdade?
- Minhas lágrimas não mentem...
- Minha amiga sofrendo calada...
- Meus sentimentos já nem sentem...
- O que aconteceu? De onde surgiu esse amor?
- Surgiu quando, pela primeira vez,
nos olhos dele vi ardor...
- Mas e a Maria? Ela sabe?
- Aquela vadia? Mais inocente que ela não há.
- Então, por que continuas a xingar?
- Porque o ardor que me fez apaixonar...
Aquele em seus olhos de mel...
Aquele Talarico, meu fel...
Ardiam para a mulher errada.
Ardiam para Maria, safada!
A ela se destinava aquele meu amado olhar.
E com ela que meu bem vai se casar.
- Sorte de umas... De outras, azar...
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